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Negociações de paz Ucrânia-Rússia na Türkiye: O que sabemos até agora
Desde o início do conflito, a Türkiye, membro da NATO, tem procurado manter boas relações com a Ucrânia e com a Rússia, tendo sido por duas vezes anfitriã de conversações sobre a guerra.
Negociações de paz Ucrânia-Rússia na Türkiye: O que sabemos até agora
O Ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o Chefe do Gabinete do Presidente da Ucrânia, Andrii Yermak, são vistos antes da reunião trilateral Türkiye-EUA-Ucrânia no Gabinete Presidencial de Dolmabahçe, em Istambul. / Foto: AA
16 de maio de 2025

A Ucrânia e a Rússia reúnem-se em Istambul na sexta-feira para as primeiras conversações de paz diretas em mais de três anos.

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, viajpu para a Türkiye, mas disse que não participaria nas conversações, depois de o seu homólogo russo, Vladimir Putin, ter recusado os seus convites para negociações diretas.

Dezenas de milhares de pessoas foram mortas desde que a Rússia lançou a sua ação militar em fevereiro de 2022, e o exército de Moscovo controla cerca de um quinto do território da Ucrânia.

TRT Global - Todos os olhos voltados para Istambul: Começaram as conversações de paz entre a Rússia e Ucrânia

Istambul acolhe reuniões trilaterais de paz fundamentais, com a Türkiye a sentar-se à mesa das negociações com a Ucrânia, a Rússia e os EUA, numa nova tentativa de pôr fim à guerra.

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Aqui está o que se sabe sobre as negociações em Istambul:

Quando serão as conversações?

Uma reunião tripartida entre as delegações russa, ucraniana e turca foi inicialmente marcada para as 09.30 GMT, disse uma fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros turco na sexta-feira.

Mas as autoridades disseram que os horários exactos estavam a ser alterados.

Antes disso, o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, reuniu-se durante uma hora com os seus homólogos turco e ucraniano, Hakan Fidan e Andriy Sybiga, respetivamente. O chefe da delegação ucraniana, o Ministro da Defesa Rustem Umerov, também esteve presente.

Por outro lado, Michael Anton, o chefe do Departamento de Estado responsável pelo planeamento de políticas, deveria reunir-se com a delegação russa.

No passado fim de semana, Putin propôs que as conversações se realizassem na quinta-feira, mas depois o Kremlin passou vários dias a recusar-se a dizer quem iria participar ou a fornecer quaisquer pormenores.

A Rússia chegou a Istambul na quinta-feira com uma delegação de nível relativamente baixo, o que levou Zelensky a enviar uma equipa mais reduzida que chegou na quinta-feira à noite.

Quem participará?

A parte russa é liderada por Vladimir Medinsky, um assessor da linha dura de Putin e ex-ministro da Cultura que esteve envolvido nas últimas negociações diretas entre os dois países, em 2022.

O Kremlin nomeou três outros negociadores: o Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros, Mikhail Galuzin, o Vice-Ministro da Defesa, Alexander Fomin, e Igor Kostyukov, Diretor da agência de Inteligência Militar GRU da Rússia.

Na quinta-feira, Zelensky criticou o nível dos representantes russos, afirmando que era um sinal de que Moscovo não estava “a levar a sério” a negociação do fim da guerra.

Diplomatas de topo como o Ministro dos Negócios Estrangeiros Sergey Lavrov ou o assessor de política externa do Kremlin Yuri Ushakov - envolvidos em anteriores conversações com os Estados Unidos - não estão em Istambul.

A delegação ucraniana será liderada por Umerov, que tem raízes na Crimeia e esteve envolvido em várias rondas diplomáticas com Moscovo, incluindo as conversações de 2022, a troca de prisioneiros e um acordo sobre os grãos do Mar Negro em 2022.

A ele juntar-se-á cerca de uma dúzia de vice-ministros e oficiais militares, incluindo o Vice-Ministro dos Negócios Estrangeiros Sergiy Kyslytsya, o Vice-Chefe do Serviço de Segurança Oleksandr Poklad e o Vice-Chefe do Estado-Maior Oleksiy Shevchenko.

O principal diplomata de Washington também voou para Istambul na sexta-feira para dar o seu apoio às conversações, embora não se vá juntar a elas.

Qual é a posição das duas partes?

Zelensky disse que a sua equipa tinha um mandato para discutir um cessar-fogo incondicional que Kiev, os seus aliados e Washington têm vindo a insistir.

A Rússia tem rejeitado repetidamente a proposta, insistindo que há toda uma série de questões que têm de ser resolvidas antes de se poder chegar a um cessar-fogo.

Além disso, as diferenças fundamentais entre Kiev e Moscovo estão longe de estar resolvidas.

A Rússia insiste em que as conversações abordem aquilo a que chama as “causas profundas” do conflito, incluindo a “desnazificação” e a desmilitarização da Ucrânia, dois termos vagos que Moscovo utilizou para justificar a invasão.

Moscovo também tem repetido que a Ucrânia deve ceder o território ocupado pelas tropas russas.

Kiev afirma que não reconhecerá os seus territórios como russos, embora Zelensky tenha reconhecido que a Ucrânia só os poderá recuperar por meios diplomáticos.

Quais são as expectativas?

O Presidente dos EUA, Donald Trump, pareceu admitir que era improvável que houvesse progressos em Istambul, dizendo que não haveria qualquer movimento no sentido de acabar com a guerra até se encontrar com Putin.

Rubio também disse que não tem “grandes expectativas” para as conversações.

O principal negociador de Moscovo insistiu que estava pronto para discutir “possíveis compromissos” em Istambul.

“Infelizmente, não estão a levar muito a sério as negociações reais”, disse Zelensky aos jornalistas após uma reunião com Erdogan.

Porquê a Türkiye?

A Türkiye, membro da NATO, tem procurado manter boas relações com a Ucrânia e a Rússia desde o início do conflito, tendo acolhido por duas vezes conversações sobre a guerra.

Em março de 2022, em Istambul, representantes de Moscovo e Kiev discutiram um plano para pôr fim à guerra.

Mas essas conversações foram interrompidas após a retirada da Rússia do subúrbio de Bucha, em Kiev, onde centenas de civis foram encontrados mortos após um mês de ocupação pelas forças russas.

Moscovo vê estas conversações como uma “continuação” dessas negociações falhadas, disse Medinsky na quinta-feira.

Desde então, os contactos entre as partes beligerantes têm sido limitados e centrados sobretudo em questões humanitárias, como a troca de prisioneiros e o repatriamento dos restos mortais dos soldados.

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