O Haiti, onde a violência desenfreada de gangues aumentou nas últimas semanas, está a aproximar-se de um “ponto de não retorno” que conduzirá ao “caos total”, alertou a representante especial das Nações Unidas para a conturbada nação das Caraíbas.
“À medida que a violência de gangues continua a espalhar-se por novas áreas do país, os haitianos experimentam níveis crescentes de vulnerabilidade e um ceticismo cada vez maior sobre a capacidade do Estado para responder às suas necessidades”, disse Maria Isabel Salvador ao Conselho de Segurança da ONU na segunda-feira.
“O Haiti pode enfrentar o caos total”, disse ela, acrescentando que a ajuda internacional era desesperadamente necessária para evitar esse destino. “Peço-vos que continuem empenhados e respondam às necessidades urgentes do país e do seu povo.”
Salvador citou surtos de cólera e violência baseada no género, juntamente com a deterioração da situação de segurança, particularmente na capital, Port-au-Prince, com as autoridades a lutarem para lidar com a situação.
Instável e violento
O Haiti, o país mais pobre do hemisfério ocidental, é politicamente instável e vastas áreas do país estão sob o controlo de gangues armados rivais.
Os gangues gerem esquemas de proteção e têm cometido homicídios, violações e raptos para obtenção de resgate.

Enquanto o país se debate com a instabilidade política e a pobreza generalizada, os menores vulneráveis vêem-se enredados na violenta rede de recrutamento dos gangues, com pouca esperança de escapar.
Os grupos armados têm lutado pelo controlo de Port-au-Prince e os confrontos têm-se intensificado à medida que as gangues rivais tentam estabelecer novos territórios.
Uma força liderada pelo Quénia e autorizada pelas Nações Unidas não tem conseguido fazer recuar os gangues.
A missão conta com cerca de 1.000 polícias de seis países, mas a intenção era ter 2.500.