MÉDIO ORIENTE
3 min de leitura
Israel declara ilegalmente 63 sítios arqueológicos palestinianos como "património israelita"
Um relatório do Instituto de Pesquisa Aplicada de Jerusalém afirma que a designação constitui uma clara violação do direito internacional.
Israel declara ilegalmente 63 sítios arqueológicos palestinianos como "património israelita"
Autoridades israeleitas classificaram mais de 2.400 sítios arqueológicos palestinianos na Cisjordânia ocupada como sítios israelitas, segundo a ARIJ. / AP
21 de agosto de 2025

O exército israelita declarou 63 sítios arqueológicos palestinianos na Cisjordânia ocupada como "locais do património israelita", informou um instituto de pesquisa palestiniano, em clara violação do direito internacional e em flagrante incumprimento de obrigações internacionais.

Esta declaração surgiu na quarta-feira num relatório do Instituto de Pesquisa Aplicada de Jerusalém (Applied Research Institute-Jerusalem - ARIJ), uma organização não governamental, com o título "Sítios Arqueológicos no Governo de Nablus: Uma Arena Aberta para Planos de Confisco Israelita", revisto pela Agência Anadolu.

O relatório destaca que, de acordo com um folheto contendo ordens militares assinadas pelo General de Brigada Moti Almoz, chefe da Administração Civil Israelita sob o exército na Cisjordânia ocupada, 63 sítios foram classificados como "sítios históricos e arqueológicos israelitas".

O documento indicou que 59 desses sítios estão localizados na província de Nablus, três na província de Ramallah e um na província de Salfit.

O relatório argumenta que o ataque a sítios arqueológicos palestinianos por parte de Israel na Cisjordânia ocupada "não se trata apenas de formalidades administrativas ou legais, mas faz parte de uma política sistemática destinada a confiscar o património palestiniano."

Acrescentou que esta medida faz parte de "uma reconfiguração da identidade do património palestiniano para servir à narrativa israelita, especialmente porque a maioria dos sítios visados está localizada perto de postos avançados israelitas, colonatos ou outros locais coloniais — particularmente na província de Nablus."

O relatório enfatizou que "classificar estes sítios arqueológicos e históricos palestinianos como 'israelitas' constitui uma clara violação do direito internacional, um flagrante incumprimento de obrigações internacionais e uma ameaça direta à identidade nacional palestiniana."

Conversão para uso de colonatos israelitas

O ARIJ também afirma que "as autoridades de ocupação israelitas classificaram mais de 2.400 sítios arqueológicos palestinianos na Cisjordânia ocupada como sítios israelitas."

O relatório aponta que, enquanto as autoridades israelitas declaram certas áreas como necessitando de "proteção e preservação", na prática, "essas áreas são usadas para confiscar vastas extensões de terras palestinianas sob o pretexto de conservação do património."

"Posteriormente, muitas dessas áreas são convertidas para uso por colonatos israelitas, postos avançados e instalações militares, bem como para fins turísticos e recreativos que beneficiam apenas colonos e visitantes israelitas", acrescentou.

De acordo com relatórios palestinianos, até ao final de 2024, o número de colonos ilegais na Cisjordânia ocupada havia atingido cerca de 770.000, distribuídos por 180 colonatos e 256 postos avançados, dos quais 138 são classificados como postos avançados agrícolas e pastorais.

Pelo menos 1.014 palestinianos foram mortos e mais de 7.000 ficaram feridos na Cisjordânia por forças israelitas e colonos ilegais desde outubro de 2023, segundo o Ministério da Saúde da Palestina.

Num parecer consultivo emitido em julho passado, o Tribunal Internacional de Justiça declarou ilegal a ocupação israelita do território palestiniano e pediu a evacuação de todos os colonatos ilegais na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental.

Dê uma espreitadela na TRT Global. Partilhe os seus comentários!
Contact us