O Ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, afirmou que é esperada uma nova ronda de negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia, uma vez que ambas as partes reconhecem cada vez mais a necessidade de diálogo.
Numa entrevista à TRT Haber na terça-feira, Fidan salientou que a guerra, que está agora a entrar no seu quarto ano, não é apenas entre duas nações, mas evoluiu para um conflito global devido ao envolvimento internacional.
Reiterando a oposição consistente da Türkiye à guerra, ele destacou o imenso custo humano e económico, com mais de um milhão de pessoas mortas ou feridas e grandes cidades destruídas.
Fidan destacou os esforços de paz de Ancara, incluindo a Iniciativa dos Cereais do Mar Negro, as negociações de Istambul em 2022 e várias trocas de prisioneiros.
Ele observou que o impulso para o cessar-fogo cresceu durante a administração Trump e lembrou as suas próprias visitas de alto nível a Moscovo e Kiev.
Fidan acrescentou que a reunião de 2 de junho foi realizada num espírito positivo, resultando num acordo sobre uma nova troca de prisioneiros envolvendo mais de 1000 pessoas.

Esforços da Türkiye por uma paz permanente
Documentos que descrevem as condições do cessar-fogo foram apresentados pela Rússia e pela Ucrânia, e as partes trocaram opiniões sobre uma possível cimeira de líderes, disse ele, observando que também concordaram com a necessidade de se reunirem novamente para uma próxima ronda de negociações.
«Dadas as condições atuais e o ambiente psicológico moldado pela guerra, esta foi a melhor reunião possível. O importante é não abandonar a mesa de negociações e manter o compromisso com o cessar-fogo e a paz. Este é o nosso conselho às partes. Não importa se a mesa de negociações está na Türkiye ou em outro lugar. O que importa é que as partes continuem a reunir-se e a manter as negociações», afirmou.
Fidan destacou a disposição do Presidente turco Recep Tayyip Erdogan em sediar uma possível reunião de líderes, enfatizando que Erdogan é o único líder em quem todas as três partes confiam.
“É possível encontrar um local, mas como líder político com uma postura global, testado por anos de lutas difíceis, conhecido por sua honestidade, confiabilidade e instituições profissionais, nenhum outro líder se qualifica”, acrescentou.
Fidan disse também que uma reunião presencial entre os líderes russo e ucraniano se tornará inevitável se houver progressos nas futuras negociações.
Ele disse que a ajuda dos EUA à Ucrânia sob o ex-presidente Joe Biden continua, mas deverá terminar dentro de alguns meses, após o que as decisões do Presidente dos EUA, Donald Trump, poderão alterar a dinâmica do conflito.
Combate ao terrorismo na Síria
Fidan também abordou o mecanismo recém-criado para combater o grupo terrorista Daesh, envolvendo a Türkiye, o Iraque, a Síria, a Jordânia e o Líbano.
Ele disse que, há algumas semanas, os ministros dos Negócios Estrangeiros da Jordânia e da Síria foram recebidos em Ancara, durante o qual foi tomada uma decisão fundamental para ativar uma célula de inteligência e operações por meio de delegações militares e de inteligência.
«Equipas compostas por membros da Jordânia, Síria e Türkiye ativaram agora a Célula de Coordenação Contra o Daesh. Este é um passo significativo para a segurança regional», acrescentou.
Fidan disse que houve poucos progressos visíveis após um acordo de integração de 10 de março entre o governo sírio e o grupo terrorista PKK/YPG, que opera sob o nome SDF na Síria, mas observou que desenvolvimentos significativos estão a ocorrer nos bastidores.
Ele também disse que o envolvimento dos EUA na Síria, os desenvolvimentos institucionais no terreno e os esforços contínuos da Türkiye estão cada vez mais alinhados.
“Estamos caminhando para uma estrutura na qual Damasco, Ancara e Washington podem coordenar-se mais estreitamente para lidar com essa ameaça de forma eficaz”, acrescentou.