O Ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, sublinhou que a Türkiye não tem qualquer intenção de entrar em conflito com qualquer país na Síria, incluindo Israel.
Durante uma entrevista em direto na televisão CNN Turk, na quarta-feira, Fidan abordou questões essenciais e respondeu a perguntas.
“A Türkiye não tem qualquer intenção de entrar em conflito com qualquer país na Síria, e não apenas com Israel”, afirmou, sublinhando que a Síria é uma nação independente.
“É inaceitável que Israel tente provocar a Síria utilizando as suas ambições expansionistas na região”, acrescentou.
Fidan reiterou que a Türkiye não pretende entrar em conflito com nenhum país da região, mas avisou que Ancara não pode ficar indiferente se a Síria voltar a enfrentar distúrbios internos, operações ou provocações que possam ameaçar a segurança nacional turca.
“Não vamos ficar de braços cruzados”, afirmou.
Fidan também criticou a destruição das infra-estruturas militares da Síria por Israel após a saída do regime de Assad, afirmando que Telavive desenvolveu uma estratégia para deixar a nova administração e as forças armadas sírias “sem nada” e que está a avançar passo a passo.
“Não atacamos abertamente nenhum país que não nos ataque. (Mas) se surgir uma zona de instabilidade num país vizinho que também nos possa prejudicar, não podemos ficar de braços cruzados”, sublinhou, acrescentando que, nesse caso, a Türkiye tomará medidas, em primeiro lugar diplomáticas.
Em resposta a uma pergunta sobre a deslocação do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu aos EUA, Fidan disse que “os EUA precisam, por assim dizer, de estabelecer limites para Netanyahu e definir um enquadramento”.
Contactos técnicos com Israel
Relataivamente ao facto de existirem conversações diretas ou indirectas entre a Türkiye e Israel, Fidan afirmou: “Enquanto estivermos a desenvolver determinadas operações na Síria, é necessário que exista, até certo ponto, um mecanismo de desconflitualização com Israel, que tem aviões na região, tal como fazemos com os americanos e os russos”.
“Existem contactos técnicos (com Israel) para evitar que os elementos de combate se entendam mal entre eles”, disse, acrescentando que estes contactos técnicos são feitos diretamente quando necessário.
Comentando as relações do Presidente turco Recep Tayyip Erdogan com o presidente dos EUA, Donald Trump, Fidan disse: “O Sr. Trump respeita o nosso presidente como líder e tem um bom relacionamento com ele”.
Questionado sobre quando é que Erdogan e Trump se poderão encontrar, Fidan disse que ambos os líderes estão dispostos a fazê-lo assim que for mutuamente possível.
Relativamente ao encontro com o Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, Fidan explicou que foi um debate sobre um vasto leque de questões, incluindo a necessidade de parar os bombardeamentos israelitas na Síria.
A presença palestiniana em Gaza fomentará sempre a resistência
Fidan salientou que o objetivo de Israel não é manter os palestinianos na Faixa de Gaza sitiada.
“Enquanto a população palestiniana permanecer em Gaza, surgirá sempre um movimento de resistência, seja no formato do Hamas ou noutro formato. Por que razão surgirá um movimento de resistência? Porque a ocupação continua. Para que não haja movimento de resistência, os palestinianos teriam de ser completamente desalojados do local onde vivem”, afirmou.
“Já definimos os termos da nossa normalização com Israel. A questão palestiniana é essencial para que isso possa acontecer”.