Os serviços secretos franceses desmentiram as alegações de Pavel Durov, fundador da aplicação de mensagens Telegram, segundo as quais Nicolas Lerner, Diretor da agência, lhe terá pedido para proibir as vozes conservadoras romenas antes das eleições no país, pedido que Durov terá recusado.
Durov foi detido em Paris em 2024 e está a ser formalmente investigado pelas autoridades francesas por conteúdos ilegais no seu popular serviço.
“A DGSE refuta veementemente as alegações de que os pedidos de proibição de contas ligadas a qualquer processo eleitoral foram feitos nessas ocasiões”, disse o serviço da Direção-Geral de Segurança Externa (DSGE) em comunicado.
O cofundador do Telegram, nascido na Rússia, alegou numa publicação no X, no domingo à noite, que o chefe da DGSE, Nicolas Lerner, lhe tinha pedido esta primavera “para proibir vozes conservadoras na Roménia antes das eleições”.
“Recusei. Não bloqueámos manifestantes na Rússia, na Bielorrússia ou no Irão. Não vamos começar a fazê-lo na Europa”, disse Durov, 40 anos.
O Presidente da Câmara de Bucareste, Nicusor Dan, venceu uma tensa repetição das eleições presidenciais romenas no domingo, derrotando o nacionalista George Simion, numa votação considerada crucial para o rumo da UE e da NATO, que faz fronteira com a Ucrânia devastada pela guerra.
Serviços secretos contactaram Pavel Durlov
Numa publicação anterior, no domingo, Durov alegou a interferência da França nas eleições romenas.
“Um governo da Europa Ocidental (adivinhem qual) contactou o Telegram, pedindo-nos para silenciar as vozes conservadoras na Roménia antes das eleições presidenciais de hoje”, disse Durov no seu canal.
A mensagem não mencionava a França, mas usava o ícone de uma baguete francesa.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros francês afirmou que “rejeita categoricamente estas alegações”.
Os serviços secretos franceses - tornados famosos pela série televisiva de sucesso “The Bureau” - confirmaram na segunda-feira que tinham estado em contacto com Durov.
“A DGSE afirma que foi efetivamente obrigada, em várias ocasiões nos últimos anos, a contactar diretamente Durov para lhe recordar com firmeza as responsabilidades da sua empresa e as suas próprias responsabilidades pessoais em termos de prevenção de ameaças terroristas e de pornografia infantil”, afirmou.
Detenção de Durov
Durov foi detido no aeroporto de Le Bourget, nos arredores de Paris, em agosto de 2024, e acusado de uma série de violações relacionadas com a popular aplicação de mensagens que fundou.
Após dias de interrogatório, foi acusado de várias infracções relacionadas com a falta de controlo de conteúdos extremistas e terroristas e libertado sob fiança de cinco milhões de euros (5,6 milhões de dólares).
Desde então, Durov anunciou medidas que parecem ceder às exigências de Paris.
Em março, foi autorizado a sair temporariamente de França e a viajar para o Dubai, segundo disseram na altura fontes à AFP.
O Kremlin afirmou na segunda-feira que as alegações de ingerência da França “não são novidade”.
“O facto de os países europeus - França, Reino Unido, Alemanha - estarem a interferir nos assuntos internos de outros países não é novidade”, disse o Porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, aos jornalistas.
“São apenas pequenos pedaços que estão a ser trazidos à luz”.