Os membros do Conselho de Segurança da ONU criticaram os Estados Unidos depois de este país ter vetado uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que apelava a um cessar-fogo e a um acesso humanitário sem restrições em Gaza, o que, segundo Washington, prejudica a diplomacia em curso.
Foi a primeira votação do órgão de 15 membros sobre a situação desde novembro, quando os Estados Unidos - um importante aliado de Israel - também bloquearam um texto que apelava ao fim da carnificina.
“Esta resolução iria prejudicar os esforços diplomáticos para alcançar um cessar-fogo que reflectisse as realidades no terreno e encorajaria o Hamas”, disse Dorothy Shea, enviada de Washington às Nações Unidas, antes da votação de quarta-feira, 14 contra 1, com o único voto contra dos EUA.
O projecto de resolução exigia “um cessar-fogo imediato, incondicional e permanente em Gaza, respeitado por todas as partes”.
O projecto de resolução exigia também a libertação imediata, digna e incondicional de todos os reféns do Hamas e de outros grupos.
A resolução, se tivesse sido aprovada, teria exigido o levantamento de todas as restrições à entrada de ajuda humanitária em Gaza, sublinhando a “situação humanitária catastrófica” no território palestiniano.
“Esta resolução será não só uma mancha moral na consciência deste Conselho, mas também um momento fatídico de aplicação política que irá repercutir-se durante gerações”, afirmou o embaixador do Paquistão na ONU, Asim Ahmad.
O embaixador da China na ONU, Fu Cong, disse que “o resultado da votação de hoje expõe mais uma vez que a causa principal da incapacidade do Conselho para acabar com o conflito em Gaza é a obstrução repetida dos EUA”.
O grupo de resistência palestiniano Hamas também comentou o veto de Washington, afirmando que este dá luz verde ao Primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para continuar o genocídio em Gaza.
O veto marca a primeira ação deste tipo desde que o Presidente dos EUA, Donald Trump, tomou posse em janeiro.
'Basta'
A França também criticou Washington, dizendo que o veto impede o Conselho de “assumir a sua responsabilidade”.
“O Conselho foi impedido de assumir a sua responsabilidade, apesar do facto de a maioria de nós parecer convergir para uma visão comum”, disse o embaixador da França na ONU, Jerome Bonnafont.
A Eslovénia, que propôs o projecto, também criticou os EUA.
“Basta”, disse o enviado da Eslovénia à ONU, Samuel Zbogar. “Nunca foi nossa intenção provocar um veto”.
Afirmou que o veto impediu a adoção de medidas, mas sem mencionar os EUA.
Riyad Mansour, embaixador palestiniano na ONU, instou o Conselho a agir, na terça-feira.
“Todos nós seremos julgados pela história em relação ao que fizemos para pôr fim a este crime contra o povo palestiniano”, afirmou.
O embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, criticou o texto.
“A resolução votada foi um presente para o Hamas e corre o risco de encorajar o terrorismo”, disse.
“Agradecemos aos Estados Unidos por terem estado do lado certo”.
Os Estados Unidos vetaram as resoluções de outubro de 2023, dezembro de 2023, fevereiro de 2024 e novembro de 2024, enquanto se abstiveram nas votações sobre outros projectos de resolução.