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Jornal alemão: Trump liga quatro vezes e Modi deixa-o em espera
Meios de comunicação alemães alegam que o PM indiano, Narendra Modi, recusou quatro chamadas telefónicas do Presidente dos EUA Donald Trump nas últimas semanas em meio a tensões comerciais.
Jornal alemão: Trump liga quatro vezes e Modi deixa-o em espera
O presidente dos EUA, Donald Trump, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, participam numa coletiva de imprensa conjunta na Casa Branca. / Reuters
há 17 horas

Nas últimas semanas, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tentou contactar o Primeiro-Ministro indiano, Narendra Modi, por telefone em quatro ocasiões separadas, mas Modi recusou-se a atender, alega um relatório do jornal alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).

FAZ interpreta este comportamento como indicativo tanto da intensidade da "raiva" de Modi quanto da sua "cautela" em resposta à pressão dos EUA sobre a Índia para parar de importar petróleo russo.

O contexto destas alegadas chamadas inclui uma grande escalada nas tensões comerciais: a administração Trump impôs uma tarifa de 50% sobre produtos indianos como medida punitiva pelas importações de petróleo russo, que é o nível mais alto aplicado a qualquer país além do Brasil.

Simultaneamente, Nova Deli aumentou as suas compras de petróleo russo com desconto, atraindo ainda mais desagrado de Washington.

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Uma jogada diplomática calculada

FAZ sugere que a decisão de Modi de evitar estas chamadas repetidas estava longe de ser impulsiva — foi uma estratégia deliberada para evitar ser arrastado para o estilo de negociação característico de Trump, que anteriormente faz alegações públicas sobre acordos, antes de acordos formais estarem em vigor.

O anúncio anterior de Trump de um suposto acordo comercial com o Vietname, apenas para não haver acordo em vigor, serviu como um exemplo de cautela.

Sem chegar a um acordo, Trump tinha anunciado nas redes sociais que um acordo comercial tinha sido fechado. "Modi não quer cair na mesma armadilha", afirmou a FAZ.

O analista político Mark Frazier, que é co-diretor do Instituto Índia-China da The New School em Nova Iorque, reitera que a estratégia Indo-Pacífico da América, esperando que a Índia ajude na sua contenção da China, estava a falhar.

Como Frazier relatou que, "a Índia nunca pretendeu comprometer-se a ficar do lado dos EUA contra a China".

Outras provocações tensionaram ainda mais as relações: o projeto de torre de luxo da família Trump perto de Deli atraiu críticas, assim como os comentários públicos de Trump reivindicando crédito pelo cessar-fogo Índia-Paquistão, movimentos que a Índia rejeitou firmemente.

Receber o chefe do exército do Paquistão no Salão Oval foi interpretado em Nova Deli como uma provocação deliberada.

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Último contacto conhecido

A comunicação confirmada mais recente entre os dois líderes aconteceu em 17 de junho, quando Modi falou com Trump por telefone a pedido do presidente dos EUA.

Esta foi a primeira conversa deles desde os ataques terroristas de Pahalgam e a subsequente Operação Sindoor da Índia.

Durante a chamada, Modi esclareceu que não tinha havido mediação dos EUA no cessar-fogo Índia-Paquistão e que as discussões tinham ocorrido diretamente entre as duas nações por iniciativa do Paquistão.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia reiterou que a Índia nunca aceitaria mediação de terceiros em tais assuntos.

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Mudança estratégica da Índia

FAZ também destacou que estes acontecimentos refletem uma recalibração mais ampla na política externa da Índia, onde Nova Deli parece estar a diversificar as suas parcerias estratégicas, fortalecendo silenciosamente laços com países como a China e Rússia em vez de depender apenas da estrutura dos EUA.

Esta mudança coincide com a próxima participação da Índia na cimeira da Organização de Cooperação de Xangai (SCO) em Tianjin.

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