O Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva condenou a agressão israelita em Gaza classificando-a de “genocídio”, apelando a uma maior pressão internacional para acabar com a violência e apelando a soluções diplomáticas para os conflitos mundiais, incluindo a guerra na Ucrânia.
Durante uma conferência de imprensa conjunta com o Presidente francês Emmanuel Macron, em Paris, na quinta-feira, Lula descreveu a situação em Gaza como um “genocídio levado a cabo por um exército altamente treinado contra mulheres e crianças”.
" Isto não é uma guerra. É um genocídio", disse ele, expressando frustração com o que ele descreveu como a indignação seletiva da comunidade internacional.
“Lamentámos a morte de dois israelitas, mas no mesmo dia, duas crianças palestinianas que transportavam sacos de farinha também foram mortas - e, no entanto, não houve a mesma demonstração de solidariedade”, disse.
Lula também renovou os apelos para uma reforma estrutural do Conselho de Segurança da ONU, descrevendo-o como “politicamente fraco” e ineficaz na gestão de grandes conflitos. Ele defendeu uma representação mais ampla, incluindo assentos para África, América do Sul, Alemanha, Japão e Índia.

Macron defende a posição da Ucrânia e aponta para o cessar-fogo em Gaza
Macron, em resposta às observações de Lula, defendeu a posição ocidental em relação a Gaza e à Ucrânia.
Macron sublinhou que a França está a coordenar estreitamente com os parceiros regionais e os Estados Unidos a pressão para um cessar-fogo e o acesso humanitário em Gaza.
“Estamos a trabalhar no sentido de aumentar a pressão para garantir um cessar-fogo e o reinício das operações humanitárias”, afirmou, acrescentando que uma conferência a 18 de junho em Riade tem como objetivo promover o Estado da Palestina e a estabilidade regional.
Em relação à Ucrânia, Macron sublinhou que a Rússia é a única responsável pela guerra, rejeitando as tentativas de atribuir culpas iguais a ambos os lados.
“Há um agressor, a Rússia, e uma vítima, a Ucrânia”, afirmou Macron.
Apelo ao diálogo com a Rússia
Ao mesmo tempo que reiterou a condenação do Brasil à ocupação russa do território ucraniano, Lula defendeu a sua política de compromisso diplomático tanto com Moscovo como com Pequim.
“Desde o início, nos opusemos à ocupação”, disse Lula. “Mas acreditamos que a paz não virá pelas armas, mas pela negociação.”
Ele acrescentou que pediu pessoalmente ao presidente russo Vladimir Putin que considerasse o diálogo: "Eu disse ao Presidente Putin: a guerra não constrói nada. Só destrói".
Macron respondeu, referindo que a Ucrânia aceitou um cessar-fogo proposto pelos EUA em março, que o Presidente Putin recusou.
"Ele (Putin) lançou esta guerra. É ele que recusa a paz", afirmou Macron.
A conferência de imprensa conjunta evidenciou diferenças acentuadas na diplomacia global, uma vez que os líderes mundiais navegam em alianças complexas e crises regionais enquanto procuram caminhos viáveis para a paz.