O Kremlin afirmou que o Presidente russo, Vladimir Putin, poderia encontrar-se com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, mas apenas se fossem alcançados determinados acordos entre os dois países.
O Porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, não especificou que acordos seriam necessários do ponto de vista da Rússia.
Putin e Zelensky não se reúnem desde dezembro de 2019.
Nove civis mortos
Um drone russo atingiu um autocarro de passageiros na região de Sumy, no nordeste da Ucrânia, no sábado, matando nove pessoas e ferindo outras quatro, disseram autoridades ucranianas.
O ataque ocorreu poucas horas depois de Moscovo e Kiev terem realizado as suas primeiras conversações de paz diretas em anos, que não conseguiram obter um cessar-fogo.
“Este é mais um crime de guerra cometido pela Rússia - um ataque deliberado a um transporte civil que não representava qualquer ameaça”, afirmou a administração regional de Sumy numa mensagem publicada na aplicação de mensagens Telegram.
O autocarro, que foi atacado perto da cidade de Bilopillya quando viajava em direção a Sumy, foi “alvo dos russos”, afirmou a administração militar.
A região fronteiriça de Sumy, na Ucrânia, tem sido alvo de bombardeamentos cada vez mais mortíferos por parte de Moscovo desde março, quando as forças ucranianas foram expulsas da região russa vizinha de Kursk, que controlavam parcialmente desde o verão de 2024.
Este último ataque ocorreu depois de, na sexta-feira, três pessoas terem sido mortas em ataques russos nas regiões de Donetsk, no leste da Ucrânia, e de Kherson, no sudeste do país.

Desde o início do conflito, a Türkiye, membro da NATO, tem procurado manter boas relações com a Ucrânia e com a Rússia, tendo sido por duas vezes anfitriã de conversações sobre a guerra.
Maior troca de prisioneiros
As primeiras conversações diretas entre a Ucrânia e a Rússia, em Istambul, desde a primavera de 2022, pouco depois da invasão total de Moscovo, em fevereiro, resultaram num acordo concreto para a troca de 1000 prisioneiros.
Mas foram poucos os sinais de progresso no sentido de travar os combates que se arrastam há mais de três anos, que destruíram grandes áreas da Ucrânia e deslocaram milhões de pessoas.
Os dois lados disseram que iriam “apresentar a sua visão de um possível futuro cessar-fogo”, de acordo com o principal negociador da Rússia, Vladimir Medinsky.
O principal negociador da Ucrânia, o Ministro da Defesa Rustem Umerov, disse que o “próximo passo” seria uma reunião entre o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky e o Presidente russo Vladimir Putin. A Rússia tomou nota do pedido.
Putin recusou-se a deslocar-se à Türkiye para a reunião, tendo Zelensky acusado-o de ter “medo” e a Rússia de não levar as conversações “a sério”.
Cessar-fogo incondicional
Zelensky participou numa cimeira europeia na Albânia, juntamente com os líderes da França, Alemanha, Reino Unido e Polónia, entre outros, onde apelou a uma “forte reação” do mundo se as conversações de Istambul falharem, incluindo novas sanções.
O Presidente francês Emmanuel Macron afirmou que as nações europeias estão a coordenar com os Estados Unidos sanções adicionais contra a Rússia, caso Moscovo continue a recusar um “cessar-fogo incondicional”.
Tanto Moscovo como Washington têm falado da necessidade de uma reunião relativa ao conflito entre Putin e o Presidente dos EUA, Donald Trump.
Trump afirmou que “nada vai acontecer” enquanto não se encontrar pessoalmente com Putin.
Durante as conversações em Istambul, uma fonte ucraniana disse à AFP que a Rússia estava a avançar com exigências territoriais de grande dureza que o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Georgiy Tykhy, considerou “inaceitáveis”.
Moscovo reivindica a anexação de cinco regiões ucranianas, quatro desde a sua invasão em 2022, e a Crimeia, que anexou em 2014.