A Rahma Worldwide, uma instituição de solidariedade social sediada nos EUA, acusou a controversa Fundação Humanitária de Gaza (GHF), apoiada por Israel, de se apoderar da sua ajuda e de utilizar o seu logótipo sem consentimento.
Numa declaração publicada no Facebook na quinta-feira, a Rahma afirmou que estava à espera há quatro dias para transportar 4.000 caixas de alimentos e 16 contentores de trigo para Gaza, mas que não conseguiu entregá-los aos necessitados.
A GHF ficou com a custódia da ajuda e disse que iria “ajudar na distribuição”, o que a Rahma recusou, segundo a instituição de solidariedade.
Numa declaração ao The Guardian, na quinta-feira, a instituição de solidariedade social referiu também que estavam a circular imagens de caixas de alimentos com o seu logótipo, sem o envolvimento direto de Rahma.
As fotografias, também incluídas nos materiais de imprensa da GHF, apresentavam os logótipos de Rahma e da Heroic Hearts, uma organização parceira.
A GHF tem enfrentado controvérsia desde a sua criação. A maior parte das organizações humanitárias, incluindo a ONU, distanciaram-se da GHF, argumentando que o grupo viola os princípios humanitários ao restringir a ajuda.
“Caótica, indigna"
A controversa Fundação Humanitária de Gaza (GHF) iniciou as suas operações num centro de distribuição de ajuda no sul de Gaza na terça-feira.
“Vimos as imagens chocantes de pessoas famintas a empurrarem-se contra as vedações, desesperadas por comida. Foi caótico, indigno e inseguro”, disse o chefe da agência da ONU para os refugiados palestinianos (UNRWA), Philippe Lazzarini, ao descrever a distribuição de ajuda da GHF.
O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA) advertiu que a distribuição de ajuda pelo GHF corre o risco de desviar a atenção das prioridades humanitárias urgentes em Gaza, tais como o acesso sustentado, condições de segurança e aprovação rápida dos fornecimentos de emergência.
Grupos de defesa dos direitos humanos acusaram Telavive de matar deliberadamente à fome os palestinianos em Gaza, utilizando a comida como arma de guerra.
Israel tem mantido as passagens de Gaza fechadas à ajuda alimentar, médica e humanitária desde 2 de março, agravando uma crise humanitária já grave no enclave, que afecta os 2,4 milhões de habitantes de Gaza.