A Türkiye é o garante da segurança, da paz e do bem-estar dos curdos, tal como todos os povos irmãos da Síria, afirmou o Presidente turco Recep Tayyip Erdogan na terça-feira.
“Aqueles que se voltam para Ancara e Damasco prevalecerão”, disse ele durante um discurso comemorativo do 954º aniversário da vitória de Malazgirt na província turca de Mus.
O Presidente turco sublinhou que a visão do seu país para o “Centenário da Türkiye” se transformará, primeiro, numa grande e poderosa Türkiye sem terror e, depois, numa região sem terror, através de esforços colectivos.
Acrescentou que, apesar de todos os obstáculos, bloqueios e sabotagens, Ancara continua empenhada em lutar por uma Türkiye poderosa, unida como uma nação de 86 milhões de pessoas ligadas pela história, pela cultura, por uma civilização partilhada e por crenças comuns.
“Como turcos, árabes e curdos, viveremos lado a lado nesta terra até ao fim dos tempos”, afirmou Erdogan.
Os seus comentários surgem semanas depois de o parlamento turco ter criado um comité de alto nível destinado a traçar um caminho legal para o que as autoridades descrevem como uma “Türkiye sem terror”, numa iniciativa considerada pelas autoridades turcas como um ponto de viragem histórico para a paz na região.
Inaugurado a 5 de agosto, o Comité Nacional de Solidariedade, Fraternidade e Democracia é apresentado como uma plataforma de diálogo entre turcos e curdos e uma tentativa de resolver eventuais desacordos através dos canais parlamentares.
“A fraternidade entre turcos e curdos é um elemento fundamental da nossa geografia”, afirmou o presidente do Parlamento turco, Numan Kurtulmus, durante o seu discurso na cerimónia de inauguração da comissão.
“Este processo é uma questão de sobrevivência nacional que diz respeito ao futuro comum de turcos, curdos e cidadãos de todos os quadrantes da sociedade”.
Segundo as autoridades, a comissão funcionará como um órgão deliberativo encarregado de identificar reformas, elaborar legislação e informar o público sobre os progressos realizados, com um mandato até ao final de 2025.
Avisos regionais
Em 10 de março, a presidência síria anunciou a assinatura de um acordo para a integração das SDF (Forças Democráticas Sírias) nas instituições do Estado, reafirmando a unidade territorial do país e rejeitando quaisquer tentativas de divisão.
No entanto, meses após a assinatura do acordo, o Presidente sírio Ahmad al Sharaa criticou as SDF por contradições entre as suas palavras e acções no que respeita à aplicação do acordo.
Em julho, 30 terroristas do PKK queimaram as suas armas na boca de uma caverna no norte do Iraque, o que, segundo Ancara, constituiu o início do desmantelamento do grupo.
Este acontecimento marca um dos gestos mais significativos na longa campanha de terror contra a Türkiye levada a cabo pelo PKK, que é considerado uma organização terrorista por Ancara, pelos EUA e pela UE.
As SDF são dominadas pelo grupo terrorista YPG, o ramo sírio do grupo terrorista PKK.
Em 13 de agosto, durante uma conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo sírio, o Ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Hakan Fidan, advertiu que o grupo terrorista YPG devia deixar imediatamente de representar uma ameaça para a Türkiye e a região.
“O meu apelo às YPG é que deixem imediatamente de ser uma ameaça para a Türkiye e para a região, juntamente com os terroristas que reuniram em todo o mundo”, afirmou Fidan na altura.
