O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro pediu absolvição na etapa final do seu julgamento por uma acusação de tentativa de golpe para reverter a vitória eleitoral de 2022 do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Num documento de 197 páginas entregue ao Supremo Tribunal Federal, os advogados de Bolsonaro afirmaram que ele "é inocente de todas as acusações apresentadas na denúncia" e que há uma "completa ausência de provas".
"O ex-presidente não praticou qualquer conduta com o objetivo de impedir ou dificultar a posse do então presidente eleito", diz o documento.
"Pelo contrário, ele sempre defendeu e reafirmou a democracia e o estado de direito."
Bolsonaro, de 70 anos, é acusado de tentar abolir o estado democrático de direito, orquestrar um golpe de estado e outros crimes.
Se condenado, ele pode enfrentar até 40 anos de prisão. O julgamento deve ser concluído em setembro.
O ex-líder de direita nega qualquer irregularidade, alegando que é uma situação de perseguição política.
Bolsonaro permanece em prisão domiciliária após o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes determinar que ele violou a proibição do uso das redes sociais. Nas últimas semanas, ele foi obrigado a usar uma pulseira electrónica, teve os seus telefones apreendidos e foi proibido de realizar chamadas.
Outros seis réus também foram acusados, sendo apontados como integrantes de uma organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do estado democrático e golpe de estado.
O caso atraiu atenção internacional. O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, liderou uma campanha para que os juízes do caso fossem presos.
O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aprovou uma proposta de tarifa de 50% sobre as importações brasileiras e possíveis sanções económicas contra o juiz Alexandre de Moraes no que ele descreveu como uma "caça às bruxas" contra Bolsonaro.
O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, também criticou a acusação.
Os apoiantes de Bolsonaro afirmam que as acusações fazem parte de uma tentativa mais ampla de afastá-lo politicamente antes das próximas eleições.
Os seus opositores argumentam que o julgamento é um teste crucial para a resiliência democrática do Brasil após os tumultos que marcaram o período pós-eleitoral de 2022.