O Uganda está à beira de uma emergência humanitária, enquanto se prepara para acolher um número recorde de 2 milhões de refugiados até ao final de 2025, no contexto de uma das piores crises de financiamento em décadas, alertou a agência de refugiados da ONU (ACNUR).
“O financiamento emergencial esgota-se em setembro”, disse Dominique Hyde, Diretora de Relações Externas do ACNUR, na segunda-feira. “Mais crianças morrerão de desnutrição, mais meninas serão vítimas de violência sexual e famílias ficarão sem abrigo ou proteção, a menos que o mundo tome uma atitude.”
Desde o início do ano, uma média de 600 pessoas têm cruzado diariamente para o Uganda, fugindo da violência e instabilidade no Sudão, Sudão do Sul e República Democrática do Congo.
A nação da África Oriental, que já abriga 1,93 milhão de refugiados—mais da metade deles crianças—permanece como o maior país anfitrião de refugiados na África e o terceiro maior globalmente.
No entanto, enquanto o fluxo continua, o apoio internacional está diminui.
‘Uganda não pode fazer isto sozinho’
O Uganda tem sido amplamente elogiado pela sua política progressista de refugiados, concedendo aos requerentes de asilo acesso à educação, saúde e o direito ao trabalho.
“O Uganda abriu as suas portas, as suas escolas e os seus centros de saúde. Este modelo pode ter sucesso, mas não podem fazer isto sozinhos”, acrescentou Hyde.
O custo para atender às necessidades básicas de um único refugiado no Uganda é estimado em apenas 16 dólares por mês. Mas, sem financiamento urgente, o ACNUR alerta que só poderá fornecer 5 dólares por refugiado mensalmente, reduzindo serviços essenciais como a alimentação, água potável, medicamentos e cuidados de saúde mental.
À medida que as condições se deterioram, as taxas de desnutrição, especialmente entre crianças menores de cinco anos, estão a aumentar rapidamente, e o risco de suicídio está a crescer entre jovens refugiados devido aos cortes no apoio à saúde mental.
Até agora, a resposta do Uganda aos refugiados está financiada em apenas 2% para 2025.
O ACNUR solicita apoio internacional imediato e sustentado, incluindo de atores para o desenvolvimento, para evitar um colapso nos serviços e garantir que tanto os refugiados quanto as comunidades anfitriãs possam viver com segurança e dignidade.