A ONU pediu a Israel que suspenda o bloqueio à entrega de ajuda humanitária em Gaza, afirmando que impedir a ajuda tão necessária impõe uma "cruel punição coletiva".
"O direito internacional é inequívoco: como potência ocupante, Israel deve permitir o apoio humanitário. A ajuda, e as vidas civis que ela salva, nunca devem ser usadas como moeda de troca", disse Tom Fletcher, chefe de ajuda humanitária da ONU, num comunicado na quinta-feira.
Ele afirmou que bloquear a ajuda priva os civis de alimentos e deixa-os sem suporte médico básico, acrescentando que isso lhes tira a dignidade e a esperança, além de "impor uma cruel punição coletiva. Bloquear a ajuda mata".
"O movimento humanitário é independente, imparcial e neutro. Acreditamos que todos os civis têm igual direito à proteção", disse Fletcher, enfatizando que continuam prontos para salvar o maior número possível de vidas, apesar dos riscos.
"Mas, como o Secretário-Geral da ONU (António Guterres) deixou claro, a última modalidade proposta pelas autoridades israelita não atende ao mínimo necessário para um apoio humanitário baseado em princípios", afirmou o comunicado.
Fletcher pediu a Israel que suspenda "este bloqueio brutal" e "permita que os organizações humanitárias salvem vidas".
"Para os civis deixados desprotegidos, nenhum pedido de desculpas será suficiente. Mas lamento profundamente que não consigamos mobilizar a comunidade internacional para prevenir esta injustiça."
A 2 de março, Israel fechou as passagens de Gaza, bloqueando o fornecimento de bens essenciais ao enclave, apesar de múltiplos relatos de fome no território devastado pela guerra.
O exército israelita renovou os seus ataques a Gaza em 18 de março, rompendo um cessar-fogo e um acordo de troca de reféns celebrado em 19 de janeiro com o grupo de resistência palestiniano Hamas.
Pelo menos 52.400 palestinianos foram mortos em Gaza numa ofensiva brutal de Israel desde outubro de 2023, a maioria mulheres e crianças.