A União Africana declarou que não reconheceria um "governo paralelo" no Sudão, instando os seus membros a seguirem a mesma posição.
O Conselho de Paz e Segurança da UA "apelou a todos os Estados-Membros da União Africana e à comunidade internacional para rejeitarem a fragmentação do Sudão e não reconhecerem o chamado 'governo paralelo', que comporta sérias consequências para os esforços de paz e o futuro existencial do país", afirmou num comunicado.
O Sudão está dividido, com o exército nacional a controlar o norte, leste e centro, tendo recentemente retomado a capital, Cartum, enquanto as Forças de Apoio Rápido (RSF) dominam grande parte de Darfur e partes de Kordofan, onde ataques recentes mataram centenas de pessoas, segundo grupos locais de direitos humanos.
O governo alinhado ao exército, reconhecido internacionalmente e formado em maio, é liderado pelo ex-representante da ONU Kamil Idris.
No sábado, as RSF anunciaram o seu próprio "governo de paz e unidade", com Mohamed Hassan al-Ta'ayshi como primeiro-ministro e um conselho presidencial.
Fragmentação crescente
Representantes das Nações Unidas alertaram que essa medida pode aprofundar a fragmentação do Sudão e complicar os esforços diplomáticos para encerrar o conflito iniciado em abril de 2023.
A declaração da União Africana também "condenou inequivocamente todas as formas de interferência externa, que estão a alimentar o conflito sudanês".
A guerra civil começou após uma disputa de poder entre o chefe do exército Abdel Fattah al Burhan e Daglo – antigos aliados que derrubaram Omar al Bashir em 2019.
Dois anos depois, a dupla liderou um golpe que interrompeu a transição do Sudão para um governo civil.
A guerra já matou dezenas de milhares de pessoas e criou as maiores crises de fome e deslocamento do mundo.