A União Africana (UA) afirmou na quarta-feira que o anúncio de um governo paralelo no Sudão, país devastado pela guerra, corre o risco de dividir o país, já devastado por quase dois anos de agitação.
O conflito entre as forças paramilitares de apoio rápido (RSF) e o exército regular sudanês causou dezenas de milhares de mortos e deslocou mais de 12 milhões de pessoas, no que a ONU descreveu como uma “crise humanitária sem precedentes no continente africano”.
A guerra, que foi inicialmente desencadeada por desacordos sobre a integração das RSF no exército, dividiu o país, com o exército a controlar actualmente o leste e o norte do Sudão e as RSF a dominarem quase toda a região ocidental do Darfur e partes do sul.
No mês passado, o RSF e os seus aliados assinaram uma “carta de fundação” de um governo paralelo em Nairobi.
Em comunicado, a UA condenou a iniciativa e “advertiu que tal acção comporta um enorme risco de divisão do país”.
Os signatários do documento, a que a AFP teve acesso, pretendem criar um “governo de paz e unidade” nas zonas controladas pelos rebeldes.
No início de março, o RSF e os seus aliados assinaram, também em Nairobi, uma “Constituição de Transição”.
A UA apelou a todos os seus Estados membros, bem como à comunidade internacional, para que “não reconheçam qualquer governo ou entidade paralela que tenha como objectivo dividir e governar parte do território da República do Sudão ou as suas instituições”.
A UA acrescentou que “não reconhece o chamado governo ou entidade paralela na República do Sudão”.
Na terça-feira, a União Europeia (UE) afirmou num comunicado que o governo paralelo ameaça as aspirações democráticas sudanesas, fazendo eco de uma declaração do Conselho de Segurança da ONU na semana passada.