O Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU fez um apelo para financiamento urgente para evitar cortes nas rações alimentares de mais de um milhão de refugiados rohingya no Bangladesh.
O PMA alertou na sexta-feira para a grave falta de financiamento para as suas operações de resposta de emergência no Bangladesh, o que coloca em risco a assistência alimentar. A agência informou que precisa de 15 milhões de USD para abril e 81 milhões de USD até o final de 2025 para manter as rações completas.
Sem novos financiamentos urgentes, as rações mensais terão que ser reduzidas para metade, para 6$ por pessoa, em comparação aos 12,50$ por pessoa, justamente quando os refugiados se preparam para celebrar o Eid, que marca o fim do mês sagrado muçulmano do Ramadão, no final de março, afirmou o PMA do Bangladesh num comunicado.
Todos os rohingya recebem vouchers que podem ser trocados por alimentos da sua escolha em mercados designados nos campos. O Bangladesh abriga mais de 1,2 milhão de rohingya no distrito de Cox’s Bazar, no sudeste do país, desde que fugiram de uma repressão militar em Myanmar em 2017.
Na quarta-feira, o PMA enviou uma carta aos representantes dos refugiados do Bangladesh a informar sobre o plano de redução para metade a ração alimentar por pessoa por mês para os rohingya devido à falta de financiamento, a partir do dia 1 de abril.
O governo do Bangladesh atribuiu a crise de financiamento ao encerramento da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) pela administração do Presidente Donald Trump no mês passado, já que esta agência fornecia 80% da assistência financeira do PMA aos rohingya.
‘Totalmente dependentes’
Uma nova onda de refugiados rohingya nos últimos meses, que ultrapassou as 100.000 pessoas, passou para o Bangladesh, em fuga ao conflito no Myanmar. O contínuo fluxo de rohingya em busca de segurança coloca uma pressão ainda maior sobre os recursos já sobrecarregados, disse o PMA.
“A crise dos refugiados rohingya continua a ser uma das maiores e mais prolongadas do mundo”, afirmou Dom Scalpelli, Diretor do PMA em Bangladesh. “Os refugiados rohingya no Bangladesh permanecem totalmente dependentes da assistência humanitária para a sua sobrevivência. Qualquer redução na assistência alimentar vai conduzi-los a uma fome ainda maior e vai forçá-los a recorrer a medidas desesperadas apenas para sobreviver.”
“O apoio imediato é urgentemente necessário para evitar que esta crise se agrave ainda mais”, acrescentou Scalpelli. Em 2023, restrições severas ao financiamento forçaram o PMA a reduzir as rações de 12$ para 8$ por pessoa por mês. No entanto, as rações foram posteriormente aumentadas quando receberam novos financiamentos. Para uma população sem estatuto legal, sem liberdade de movimento fora dos campos e sem oportunidades de meios de subsistência sustentáveis, novos cortes exacerbarão os riscos de proteção e segurança, afirmou a agência alimentar da ONU.