O governo de Pequim está disposto a colaborar com o Brasil para fortalecer a cooperação bilateral em resposta ao que considera tarifas "arbitrárias" dos Estados Unidos, afirmou o Ministro dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, nesta quarta-feira.
Wang prestou estas declarações durante uma ligação telefónica com Celso Amorim, principal assessor do Presidente do Brasil, de acordo com um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China.
O principal diplomata enfatizou o apoio da China ao Brasil "na defesa do seu direito ao desenvolvimento e na oposição às práticas de intimidação das tarifas arbitrárias", destacando que o uso de tarifas como arma viola a Carta das Nações Unidas e enfraquece as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Os comentários de Wang surgem após a recente decisão do Presidente dos EUA, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% sobre as importações brasileiras, medida que ele descreveu como uma "caça às bruxas" contra o ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, acusado de tentar reverter os resultados das eleições de 2022, vencidas pelo atual Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O Presidente Lula da Silva anunciou na terça-feira que o Brasil utilizará todos os recursos disponíveis, incluindo a OMC, para proteger os seus interesses contra as novas tarifas dos EUA.
"Em 2025, recorreremos a todas as medidas possíveis, começando pela OMC, para defender os nossos interesses", afirmou Lula, durante um evento em Brasília.
"Na verdade, o governo já estava a tomar medidas para fortalecer o comércio exterior e gerar novas oportunidades para as empresas nacionais antes da mudança de administração nos Estados Unidos."
As tensões entre o Brasil e os Estados Unidos aumentaram após a decisão de Washington de impor sanções ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, pelo seu papel na investigação de uma tentativa de golpe ligada ao ex-presidente Jair Bolsonaro.