O Ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou que as forças armadas devem cumprir quaisquer decisões tomadas pelo governo em Gaza, após relatos de crescentes divergências internas sobre a possibilidade de uma ocupação total do enclave bloqueado.
A declaração foi feita enquanto o Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu se preparava para reunir o seu gabinete de segurança na quinta-feira para finalizar uma decisão sobre a expansão das operações em Gaza, que já se aproxima do 23º mês.
Netanyahu afirmou que derrotar o Hamas continua a ser uma condição para a libertação dos reféns ainda mantidos em Gaza.
Os media israelitas, citando autoridades que falaram anonimamente, relatou que altos funcionários de segurança alertaram contra a escalada da violência em áreas densamente povoadas, como a Cidade de Gaza e campos de refugiados, onde alegadamente estarão muitos dos reféns.
Na quarta-feira foram emitidas novas ordens de deslocamento forçado para áreas no norte e sul de Gaza, incluindo a Cidade de Gaza e Khan Younis, onde as tropas israelitas disseram estar a preparar-se para "expandir o âmbito do combate".
Relatos sugerem um crescente desentendimento entre Netanyahu e comandantes militares, incluindo o chefe das forças armadas, o Tenente-General Eyal Zamir, que teria alertado numa reunião esta semana que uma ocupação total seria "cair numa armadilha".
A emissora pública Kan informou que Zamir expressou oposição durante uma reunião de segurança de três horas com Netanyahu, enquanto o Canal 12 relatou que ele propôs alternativas, como estratégias de cerco.
Numa publicação no X, o Ministro da Defesa Israel Katz reconheceu o papel de Zamir em aconselhar o governo, mas reiterou a obrigação do exército de seguir ordens: "Uma vez que as decisões são tomadas pelo escalão político, as IDF (Forças de Defesa de Israel) executarão as ordens com determinação e profissionalismo."
Trump: 'Isso é com Israel!'
O líder da oposição, Yair Lapid, disse que pediu a Netanyahu para não ocupar Gaza, dizendo que essa é "uma ideia muito má... operacionalmente, moralmente e economicamente."
O Presidente dos EUA, Donald Trump, quando questionado na terça-feira sobre a possível ocupação, disse que desconhecia os detalhes, mas acrescentou: 'Isso é com Israel!'.
O governo de Israel está sob pressão crescente para encerrar a guerra, devido às preocupações crescentes sobre a catástrofe humanitária em Gaza e o destino dos reféns restantes.
Dos 251 reféns capturados em outubro de 2023, 49 permanecem em Gaza, incluindo 27 que, segundo o exército israelita, estão mortos.
A preocupação internacional aumentou à medida que a fome ameaça mais de dois milhões de pessoas em Gaza.
A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) afirmou na quarta-feira que apenas 1,5% das terras agrícolas de Gaza estão intactas e acessíveis.
"Gaza está agora à beira de uma fome em larga escala", disse o Diretor-Geral da FAO, Qu Dongyu.
"As pessoas estão a passar fome não porque os alimentos estejam indisponíveis, mas porque o acesso está bloqueado, os sistemas locais de produção de alimentos colapsaram e as famílias não conseguem mais sustentar nem mesmo os meios de subsistência mais básicos."
