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Distúrbios anti-imigração abalam a Irlanda do Norte pela terceira noite consecutiva
Os distúrbios foram desencadeados pela indignação pública após a detenção de dois rapazes locais de 14 anos, suspeitos de uma alegada agressão sexual a uma adolescente no início desta semana.
Distúrbios anti-imigração abalam a Irlanda do Norte pela terceira noite consecutiva
Apesar da polícia ter confirmado que os suspeitos são locais, informações falsas na internet alimentaram a violência racial. / Foto: AFP
12 de junho de 2025

A terceira noite consecutiva de violência mergulhou Ballymena e cidades vizinhas numa crise, com os manifestantes a atacarem a polícia, a incendiarem veículos e a visarem comunidades imigrantes.

Os distúrbios, desencadeados pela detenção de dois rapazes adolescentes locais, suspeitos de uma alegada agressão sexual no início desta semana, têm-se intensificado todas as noites.

Os agentes da polícia foram alvos de ataques constantes com cocktails molotov, tijolos e foguetes, já foram registados mais de 30 feridos em Ballymena e cidades vizinhas. Veículos foram destruídos, famílias imigrantes forçadas a abandonar as suas casas e estabelecimentos comerciais fecharam com receio de mais ataques.

Entretanto, em Larne, jovens mascarados atacaram o Centro de Lazer de Larne na terceira noite de distúrbios. Janelas foram partidas e foram ateados fogos dentro do edifício. Publicações nas redes sociais tinham anteriormente afirmado falsamente que migrantes deslocados de Ballymena estavam a ser temporariamente alojados no local. Segundo as informações obtidas, não havia ninguém dentro do edifício no momento do ataque.

"Violência racista orquestrada"

As comunidades imigrantes, particularmente das Filipinas e da Europa de Leste, relataram ameaças, vandalismo e deslocamento. Algumas famílias taparam as casas com tábuas ou exibiram bandeiras nacionais para dissuadir os atacantes. Uma família filipina ficou presa em casa depois do seu carro ter sido incendiado.

Os distúrbios foram desencadeados pela indignação pública após a detenção de dois rapazes locais de 14 anos, suspeitos de uma alegada agressão sexual de uma adolescente em 7 de junho na zona de Clonavon Terrace, em Ballymena.

Apesar de a polícia confirmar que os suspeitos são locais, a desinformação partilhada na internet alimentou a violência racial.

Numa conferência de imprensa, o Chefe-Adjunto da Polícia Ryan Henderson disse que as autoridades ainda estavam a avaliar a natureza da violência. "Neste momento, não está claro para nós, nem pelas informações recolhidas ou do que estamos a ouvir, se há coordenação paramilitar", disse Henderson, referindo-se a grupos paramilitares clandestinos ainda ativos no país, com um passado marcado por violência sectária entre católicos nacionalistas e protestantes unionistas.

A polícia está agora a rever imagens de videovigilância e a considerar apoio adicional de forças da Grã-Bretanha. A violência espalhou-se para as cidades vizinhas incluindo Newtownabbey, Carrickfergus e Coleraine, onde foram implementadas medidas de controlo de distúrbios.

A Primeira-Ministra da Irlanda do Norte, Michelle O'Neill, e a Vice-Primeira-Ministra Emma Little-Pengelly emitiram uma condenação conjunta, classificando os ataques como "violência racista orquestrada". O Primeiro-Ministro do Reino Unido, Keir Starmer, também apelou à calma e ao apoio ao processo judicial.

Foi anunciado que o Secretário da Irlanda do Norte, Hilary Benn, planeia visitar Ballymena para avaliar a situação em primeira mão.

Grupos comunitários e líderes cívicos estão a trabalhar para apoiar as famílias deslocadas e aliviar as tensões enquanto a região permanece em estado de alerta.

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