GUERRA EM GAZA
3 min de leitura
Médicos Sem Fronteiras: "Israel transformou Gaza numa 'vala comum'"
Médicos Sem Fronteiras dizem que Gaza é uma vala comum, com ataques israelitas a matar palestinianos e profissionais de saúde a lutar para tratar os feridos com poucos recursos durante um bloqueio total.
Médicos Sem Fronteiras: "Israel transformou Gaza numa 'vala comum'"
O bloqueio de Israel está a agravar a crise médica nos hospitais de Gaza. / Reuters
17 de abril de 2025

A Faixa de Gaza transformou-se numa “vala comum” para os palestinianos e para aqueles que os tentam ajudar, afirmou a organização humanitária Médica Sem Fronteiras (MSF) esta quarta-feira, tendo os médicos afirmado que os militares israelitas mataram pelo menos 13 pessoas no norte do enclave e continuam a demolir casas em Rafah, no sul.

Os médicos palestinianos afirmaram que um ataque aéreo matou 10 pessoas, incluindo a conhecida escritora e fotógrafa Fatema Hassouna, cujo trabalho documentava as dificuldades enfrentadas pela sua comunidade na cidade de Gaza durante a guerra. Um outro ataque a uma casa no norte, matou pelo menos três pessoas.

Os militares israelitas não comentaram estes ataques.

Em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, os residentes afirmaram que os militares israelitas demoliram mais casas na cidade, esta zona tem estado sob controlo israelita nos últimos dias. Uma zona, que os líderes israelitas afirmam ser uma expansão das zonas de segurança em Gaza para pressionar o Hamas a libertar os reféns restantes.

"Gaza foi transformada numa ‘vala comum’ dos palestinianos e daqueles que os ajudam. Estamos a assistir em tempo real à destruição e à deslocação forçada de toda a população de Gaza", declarou em comunicado Amande Bazerolle, coordenadora de emergência dos Médicos Sem Fronteiras em Gaza.

“Sem nenhum lugar seguro para os palestinianos ou para aqueles que tentam ajudá-los, a resposta humanitária está a debater-se gravemente com o peso da insegurança e da escassez crítica de abastecimento, deixando as pessoas com poucas ou nenhumas opções de acesso aos cuidados de saúde.” 

Os esforços dos mediadores do Egito, do Catar e dos Estados Unidos para restabelecer o cessar-fogo em Gaza e libertar os reféns israelitas fracassaram, com Israel e o grupo de resistência palestiniano Hamas a manterem as suas posições.

O Hamas afirmou que quer avançar para à segunda fase do acordo de cessar-fogo de janeiro, que prevê a retirada de Israel de Gaza e o fim da guerra.

Pelo menos 51.000 palestinianos foram mortos na guerra genocida de Israel, segundo as autoridades sanitárias palestinianas.

Em novembro passado, o Tribunal Penal Internacional emitiu mandados de captura contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o seu antigo ministro da Defesa, Yoav Gallant, por crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Gaza.

Israel enfrenta também um processo de genocídio no Tribunal Internacional de Justiça pela sua guerra contra o enclave. 

Fornecimentos essenciais

O Ministério da Saúde de Gaza declarou que a suspensão da entrada de combustível, medicamentos e alimentos desde o início de março por parte de Israel, começou a obstruir o trabalho dos poucos hospitais ainda em funcionamento, com a escassez de suprimentos médicos.

“Centenas de doentes e feridos estão privados de medicamentos essenciais e o seu sofrimento está a agravar-se devido ao encerramento dos postos fronteiriços”, declarou o ministério.

Israel afirmou que as medidas punitivas foram concebidas para manter a pressão sobre o Hamas, enquanto o grupo palestiniano as condenou como “punição coletiva”.

Desde que reiniciou a sua ofensiva militar em março, após dois meses de cessar-fogo, as forças israelitas mataram mais de 1600 palestinianos, segundo as autoridades de saúde de Gaza. O ataque contínuo de Israel deslocou centenas de milhares de pessoas e impôs um bloqueio a todos os fornecimentos humanitários que entram no enclave.

Entretanto, 59 reféns israelitas continuam nas mãos do Hamas. Israel acredita que 24 deles estão vivos.

Dê uma espreitadela na TRT Global. Partilhe os seus comentários!
Contact us