O Supremo Tribunal Federal do Brasil condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro por planear um golpe, com uma votação de 4 a 1 num caso histórico, e sentenciou-o a 27 anos de prisão, gerando uma reação indignada dos Estados Unidos, que prometeram responder a esta "caça às bruxas".
A juíza Carmen Lúcia votou na quinta-feira pela condenação de Bolsonaro em todas as cinco acusações que ele enfrentava, alinhando-se aos juízes Alexandre de Moraes e Flávio Dino.
O juiz Luiz Fux foi o único a divergir, votando pela absolvição do ex-presidente em relação à violência após a derrota de Bolsonaro nas eleições de outubro de 2022 para o esquerdista Luiz Inácio Lula da Silva.
"A lei deve ser aplicada igualmente a todos", afirmou Carmen Lúcia ao proferir a sua decisão, dizendo que o julgamento é um teste crucial para a jovem democracia brasileira.
Até agora, apenas o juiz Luiz Fux votou pela absolvição, descrevendo o processo como "político".
Bolsonaro, que está em prisão domiciliar em Brasília desde o mês passado, não compareceu às audiências, que têm capturado a atenção da nação na TV e nas redes sociais.
Ele insiste que é vítima de perseguição, enquanto o seu aliado, o Presidente dos EUA, Donald Trump, classificou o julgamento como uma "caça às bruxas" e retaliou com tarifas de 50% sobre as importações brasileiras.
Na quinta-feira, Trump declarou estar insatisfeito com a condenação de Bolsonaro.
"Eu assisti ao julgamento. Eu conheço-o bem, como líder estrangeiro. Achei que ele foi um bom presidente do Brasil. E é muito surpreendente que isto possa acontecer", disse Trump a repórteres na Casa Branca.
"Isto é muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram de forma alguma. Mas posso sempre dizer isto: eu conhecia-o como presidente do Brasil. Ele era um bom homem."
O julgamento polarizou a sociedade brasileira, dividindo aqueles que o consideram uma responsabilização essencial daqueles que o classificam como um julgamento de fachada.
Aliados de Bolsonaro agora pressionam o Congresso para aprovar uma lei de amnistia que o proteja da prisão.
O caso também tem causado tensões nas relações entre os EUA e o Brasil.
Além das tarifas, Washington sancionou Moraes e outros ministros, uma medida que críticos dizem minar o poder judicial brasileiro.
Rubio alerta sobre resposta dos EUA
O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, por sua vez, afirmou que os Estados Unidos — que já impuseram pesadas tarifas à maior economia da América do Sul devido ao julgamento — "responderão adequadamente a essa caça às bruxas".
"As perseguições políticas pelo abusador de direitos humanos sancionado Alexandre de Moraes continuam, enquanto ele e outros no Supremo Tribunal do Brasil decidiram injustamente prender o ex-presidente Jair Bolsonaro", escreveu Rubio no X.
"Os Estados Unidos responderão adequadamente a essa caça às bruxas", afirmou.