GUERRA EM GAZA
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"Espero que inspire a vossa indignação" - Mahmoud Khalil escreve carta poderosa antes da audiência
O estudante da Universidade de Columbia pró-Palestina, que foi detido nos EUA, afirmou que as alegações da administração Trump contra ele são “infundadas” e que muitas das “provas foram retiradas diretamente de tablóides sensacionalistas”.
"Espero que inspire a vossa indignação" - Mahmoud Khalil escreve carta poderosa antes da audiência
Os advogados de Khalil afirmam que a administração Trump utilizou artigos dos jornais conservadores New York Post, Washington Free Beacon e do jornal indiano Times of India para incriminar o seu cliente. / Reuters
18 de abril de 2025

Um recém-licenciado da Universidade de Columbia, que foi detido por agentes do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (ICE) devido à sua participação em manifestações a favor da Palestina, falou sobre a injustiça do sistema judicial nos Estados Unidos da América.

Mahmoud Khalil, que participou em manifestações pró-Palestina na sua universidade em Nova Iorque, foi detido pelo ICE, numa audiência em tribunal na semana passada, o juiz decidiu que ele poderia ser deportado dos EUA por ameaçar a política externa, como alegado pela administração Trump.

Enquanto Khalil aguarda a audiência no tribunal a 23 de abril para determinar o que se segue no seu processo de deportação, partilhou a sua versão da história numa carta que escreveu ao The Washington Post.

“Na sexta-feira, sentei-me numa sala de audiências enquanto um juiz de imigração determinava que o governo podia deportar-me apesar do meu estatuto de residente permanente legal e apesar de as alegações do governo contra mim serem infundadas - muitas das suas ‘provas’ foram retiradas diretamente de tablóides sensacionalistas”, disse ele.

Embora a decisão não resulte na sua deportação imediata, Khalil tem muitas datas de tribunal pela frente, com outros aspectos do seu caso pendentes em diferentes tribunais.

“Aprendi sobre como a administração (Trump) explora a lei de imigração para impor a sua agenda repressiva”, disse ele. "Penso na velocidade vertiginosa com que o meu caso foi ouvido e decidido, atropelando o legal cumprimento do processo. Por outro lado, penso naqueles com quem estou preso, muitos dos quais estão há meses ou anos a definhar à espera do seu ‘julgamento justo’".

Khalil questionou por que razão os manifestantes de Columbia, tal como os milhares de manifestantes pró-Palestina em faculdades de todos os EUA, estão a ver o seu direito à liberdade de expressão ser-lhes negado.

"Porque é que protestar contra a morte indiscriminada de milhares de palestinianos inocentes por parte de Israel pode resultar na erosão dos meus direitos constitucionais?

“Tal como os milhares de estudantes com quem me manifestei em Columbia - incluindo amigos muçulmanos, judeus e cristãos - acredito na igualdade inata de todos os seres humanos”, continuou Khalil. "Acredito na dignidade humana. Acredito no direito do meu povo de olhar para o céu azul e não temer um míssil iminente."

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Mohsen K. Mahdawi foi detido no gabinete dos Serviços de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS) em Colchester, Vermont, quando se preparava para fazer a entrevista de cidadania.

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'Uma democracia de conveniência não é democracia'

Khalil expressou a sua opinião de que "os direitos são concedidos àqueles que se alinham com o poder", mas não vê a existência desses direitos para os pobres, as pessoas de cor e para aqueles que resistem à injustiça.

“O direito à liberdade de expressão no que diz respeito à Palestina sempre foi excecionalmente fraco”, afirmou.

"Mesmo assim, a repressão contra universidades e estudantes revela o quanto a Casa Branca tem medo de que a ideia da liberdade da Palestina entre na corrente dominante. Por que outra razão os funcionários de Trump não só tentariam deportar-me, mas também enganariam intencionalmente o público sobre quem eu sou e o que defendo?"

Enquanto Khalil aguarda o seu destino no tribunal, permanece a possibilidade de que ele seja deportado para a Síria ou Argélia. Ele disse que escreveu a carta ao The Washington Post na esperança de "soar o alarme" de que os direitos das pessoas já estão em risco.

“Espero que inspire a vossa indignação pelo facto de o instinto humano mais básico, o de protestar contra um massacre sem vergonha, estar a ser reprimido por leis obscuras, propaganda racista e um estado aterrorizado por um público desperto”, disse.

“Espero que este texto vos leve a compreender que uma democracia para alguns - uma democracia de conveniência - não é democracia nenhuma”, concluiu. “Espero que vos faça agir antes que seja tarde demais.”

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