MÉDIO ORIENTE
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Não cooperação com agência de vigilância nuclear da ONU torna-se lei no Irão
Teerão afirma que a legislação que suspende a sua cooperação com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) “é vinculativa”, após os ataques israelitas e norte-americanos às instalações nucleares do país.
Não cooperação com agência de vigilância nuclear da ONU torna-se lei no Irão
Abbas Araghchi declarou que entrou em vigor uma nova lei que suspende a cooperação com o organismo de controlo nuclear das Nações Unidas / AFP
há 11 horas

O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, declarou que a nova lei que suspende a cooperação com a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) entrou em vigor após ter sido aprovada pelo parlamento e pelo Conselho dos Guardiães.

“O projecto de lei aprovado pelo Parlamento e pelo Conselho dos Guardiães é vinculativo para nós e não há dúvidas quanto à sua implementação”, declarou Araghchi à televisão estatal.

“A partir de agora, a nossa relação e cooperação com a Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) assumirá uma nova forma".

A lei é vista como uma resposta direta aos ataques de Israel e dos Estados Unidos às instalações nucleares iranianas nas últimas semanas.

Araghchi afirmou que os danos infligidos durante o conflito foram “significativos” e que os peritos da Organização da Energia Atómica do Irão ainda estão a avaliar a escala da destruição.

Araghchi afirmou ainda que a questão das reparações é agora uma prioridade máxima para o governo.

Desmentindo relatos de negociações com os EUA

Entretanto, responsáveis ​​norte-americanos e fontes familiarizadas com o assunto disseram à CNN que a administração Trump tem estado empenhada em esforços diplomáticos secretos para retomar as negociações nucleares com Teerão.

A administração estaria alegadamente a explorar opções que incluem a flexibilização das sanções, permitir o acesso a fundos restritos e, potencialmente, apoiar um programa nuclear civil de 20 a 30 mil milhões de dólares, que exclui o enriquecimento de urânio.

Apesar de o Presidente dos EUA, Donald Trump, ter dito que espera que as negociações comecem “na próxima semana”, Araghchi rejeitou essas afirmações.

Araghchi rejeitou o que disse ser “especulação” de que Teerão iria sentar-se à mesa das negociações e afirmou que “não deve ser levado a sério”.

“Gostaria de afirmar claramente que não foi feito nenhum acordo, arranjo ou conversa para iniciar novas negociações”, disse na televisão estatal. “Ainda não foi definido nenhum plano para iniciar as negociações”.

Num discurso transmitido pela televisão - a sua primeira aparição desde o cessar-fogo na guerra com Israel - o líder supremo do Irão, Ali Khamenei, saudou o que descreveu como a “vitória” do Irão sobre Israel, prometeu nunca ceder à pressão dos EUA e insistiu que Washington tinha levado uma humilhante “bofetada”.

“O presidente norte-americano exagerou os acontecimentos de formas invulgares, e descobriu-se que precisava desse exagero”, disse Khamenei, rejeitando as alegações dos EUA de que o programa nuclear iraniano tinha sido atrasado em décadas.

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Negociações em Omã

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, esclareceu que, apesar de os EUA manterem contactos estreitos com o Irão - sobretudo através de intermediários -, ainda não foram agendadas quaisquer negociações.

“Estamos sempre concentrados na diplomacia e na paz”, afirmou.

“Queremos que o Irão aceite um programa nuclear civil pacífico sem enriquecimento de urânio”.

De acordo com a actual abordagem da administração Trump, o Irão importaria urânio enriquecido em vez de o produzir, à semelhança do modelo utilizado pelos Emirados Árabes Unidos.

As negociações entre os dois países já tinham chegado a uma quinta ronda, antes de serem prejudicadas pelos ataques israelitas.

A sexta ronda, prevista para decorrer em Omã, foi cancelada.

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